"Literatura que não contribui
com o aperfeiçoamento do ser
humano é perversa ou inútil".

domingo, 1 de setembro de 2013

ASA-BRANCA


ASA-BRANCA
Lairton Trovão de Andrade

"Em nossa terra já se ouve
a voz da pomba."
               (CT.2.12)

 

Asa-branca do sertão,
Foste, um dia, aprisionada,
Impiamente lacerada,
Por abutre sanguinário;
Teu encanto fora em vão,
Tua meiguice deprimiu-se,
Teu espírito extinguiu-se,
- Este abutre é funerário.

A tristeza a dor suscita,
A campina chora a flor,
É saudade de um odor
Que se esvai em crime bárbaro.
Asa-branca, ressuscita!
Onde estás, ó ave rara?
Vem trazer doçura cara!
- Este abutre é sangue tártaro.

Asa-branca depenada,
-Que tragédia tenebrosa!
Esta garra criminosa
Faz do cão vil animal.
Tua candura - avermelhada...
Como é triste a tua face!
A vergonha é teu impasse!
- Este abutre é irracional.

Asa-branca, ressuscita!
Por ti chora a cachoeira,
Vê: Murchou a quaresmeira
Nas encostas dessas águas;
Até a pobre parasita
Abre os braços com ternura,
Esperando a rola pura
Vir calar as suas mágoas.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário