"Literatura que não contribui
com o aperfeiçoamento do ser
humano é perversa ou inútil".

domingo, 28 de julho de 2013

TROVAS


TROVAS
Lairton Trovão de Andrade

Quem destrói a natureza
traz ao ser vivo o deserto;
sem da natura a riqueza,
virá a miséria, por certo.

***


O cão é parceiro grato,
sempre fiel ao seu amigo;
segue até um dono ingrato
que nem lhe dá um abrigo.

***

Amélia era bela flor,
Bilac sonhava em tê-la;
de dia, cantou-lhe amor
e à noite, só ouviu estrela.

DOCE ESPERANÇA


DOCE ESPERANÇA
Lairton Trovão de Andrade

"Eu sou do meu amado,
  e o meu amado é meu".
(Ct. 6,3)
 
Longo tempo de espera passou,
Novo dia raiou na estação;
Trago n'alma o nosso passado,
Pra revê-la com toda emoção.

Na memória, bem viva, a guardei,
Eu só tive você na saudade,
Suspirei encontrá-la de novo
- O meu sonho é a felicidade.

Vou dizer-lhe que o amor é maior,
Ele é puro tal como o marfim;
Ele sabe que digo a verdade
- É o amor que jamais terá fim.

De presente , este amor vou-lhe dar,
Vou-lhe dar duas rosas vermelhas;
Matarei a dorida saudade,
Com mil beijos de chama em centelhas.

Tanto, tanto, sonhei com você,
Com paixão esperei esta hora;
Meu desejo é que o trem não atrase
E me traga você sem demora.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A TEMPESTADE


A TEMPESTADE
Lairton Trovão de Andrade

A tempestade bramindo...
Por sobre a terra o tufão;
São nuvens negras caindo,
Com perigo a povoação.

Relâmpagos rancorosos,
Terríveis raios no céu,
Ciclones vertiginosos
Parecem pôr tudo ao léu.

A água caindo é horror,
A mata freme assustada,
No homem entra o pavor,
A santa reza calada.

É furacão endiabrado
Que mói telhado no chão;
O mundo fica agoniado
- Dilúvio no ribeirão.

Urram as nuvens lá fora,
A vida fica cinzenta;
O crente pra Deus implora,
Já nem mais há palha benta.

"Deus nos livre da procela,
Que lança tudo pro ar,
Faz machão virar donzela
E o pobre do ateu, rezar".
 

LACRIMOSA


LACRIMOSA
Lairton Trovão de Andrade

"No meu leito, durante a noite,
 busquei aquele que meu coração ama.". (Ct.3.1)


A tu'alma  é triste
Qual funério sino,
Que traça o destino,
Soluçando a sorte;
Ao cair da tarde,
Terríveis anseios
Oprimem teus seios
Com odor de morte.

A tu'alma é triste
Como a mãe ferida,
Que já vê perdida
Sua filha amada;
Ao cair da tarde,
Transpassada em dores,
Padece calada.

A tu'alma é triste
Tal como o violino,
Que gagueja um hino
Com falhada voz;
Ao cair da tarde,
Só restam escolhos,
Que teus triste olhos
Avistam a sós.

A tu'alma é triste
Tal como o condor,
Que o vil caçador
Expulsou do ninho;
Ao cair da tarde,
A tu'alma cora,
Consternada chora
Por um só carinho.

A tu'alma é triste
Como o bandolim,
Que chorou por mim
Triste despedida;
São os teus cabelos
Do triste salgueiro
Ramagem caída.

A tu'alma é triste
Como o som da gaita,
E com balalaica
Acentuou seu choro;
Ao cair da tarde,
Faça uma oração
Que os anjos irão
Abençoar-te em coro.

domingo, 14 de julho de 2013

QUEM É ESSE


 QUEM É ESSE
Lairton Trovão de Andrade

Quem é esse que surge no mistério,
Que tem olhos diferentes,
Que transforma tristeza em alegria,
Dor, em prazer,
Lágrima, em riso,
Ódio, em benevolência,
Guerra, em paz?!

Quem é esse
Que dá cores aos sentimentos,
Que incendeia paixões,
Que traz realidade aos sonhos,
Que concede eternidade ao amor?!

Por ventura,
É um mágico, um dramaturgo, um santo?
- Não, não!
O mágico é ilusionista,
O dramaturgo é do "faz de conta",
O santo está mais no céu que na terra...

Quem é esse, então,
Que, sem ser Deus, opera milagres,
Que traz o perdão,
Que promove a paz,
Que diz: "Você é meu irmão,
Aqui é o paraíso, mas nosso céu é Deus"?!

Ah, esse é, ao mesmo tempo,
Mágico, dramaturgo, santo,
Porque é simplesmente... simplesmente o poeta...

Ah, o poeta!..
Apesar de pequenino, é maior que a terra!
- Estrela viva que ilumina corações
E que, mesmo depois de morto,
Sua luz iluminará o mundo
Com a seiva do amor que traz felicidade aos puros
E humanidade aos corações selvagens...
Esse é o poeta...
Ah, o poeta!..

FLOR DOS VALES


 FLOR DOS VALES
Lairton Trovão de andrade

"Eu sou a açucena dos campos,
a flor dos vales" (Ct. 2.1).



Oh, flor dos vales
A transpirar
cheirosa,
Face de pétala
De suavidade airosa,
A natureza
Te fez tão bela!
Serei teu lírio,
Se és minha rosa!

Pousa soberba
Para que eu vá
Pintar-te...
Ó perfeição,
Que só me fez
Amar-te.
Deixa-me ver:
- Que maravilha!
Serei artista,
Porque és a arte!

Com que meiguice
Te acaricio, Amor!
Com que cuidado
Te afastarei
Da dor!
Que zelo tenho
Por tua seiva!
Sou jardineiro,
Se és minha flor!

O sangue ferve
O seio é úmido
(Eu sei),
Cegam-se os olhos,
Tremulam lábios
(É lei),
O mundo foge
Naquele êxtase...
Se fores minha,
Só teu serei!

Doce visão,
Felicidade
A minha;
Sonho e lirismo
No peito meu
Se aninha;
Luz de esperança
No horizonte;
Sou eu teu servo
Porque és rainha.

O TEMPO PASSA


O TEMPO PASSA
Lairton Trovão de Andrade

Tem valor somente o bem,
pois depressa o tempo passa;
na vida, um vai, outro vem
- torna-se tudo fumaça.

Troquemos a prepotência
por uma linda humildade;
tenhamos sempre clemência
e terna fraternidade.

Se eu tivesse o mundo inteiro,
mas não tivesse um amigo,
viveria em cativeiro,
correndo sério perigo.

Não quero nenhum orgulho
nem viver como os sandeus.
tiro de mim todo entulho
que me impeça de ver Deus.

NESTE FRIO


NESTE FRIO
Lairton Trovão de Andrade

Neste frio que assola tudo,
cobertor é todo em vão.
O que me aquece, contudo,
é o seu doce coração.

Quem dera sempre tivesse
o seu carinho e calor,
pois você é quem me aquece
com seu primoroso amor.

Meu coração, por ti, clama,
nesta minha solidão.
Só você é viva chama
a me incendiar de paixão.

Seja minha eternidade
com esse amor que me inflama!
Seria a pior crueldade
ver apagada essa chama!