"Literatura que não contribui
com o aperfeiçoamento do ser
humano é perversa ou inútil".

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

TEUS OLHOS


 TEUS OLHOS
Lairton Trovão de Andrade

"Os teus olhos são
como os das pombas." (Ct.1.15)

Que doce expressão!
Olhar sem malícia,
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.

Teus olhos são lindos,
Têm puro fulgor,
São cheios de vida,
Traduzem amor.

O amor dos teus olhos,
Tão meigo e tão puro,
É o sonho dos sonhos,
Meu porto seguro.

Se rola uma lágrima,
eu sinto tua dor;
Recolho-a na alma
Por causa do amor.

Se tenho eu angústia,
Se sofro de tédio,
Procuro teus olhos,
Pra ter meu remédio.

Que doce expressão!
Olhar sem malícia,
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.

Mas quanto sofreram
Teus olhos, querida,
E quantas injúrias
Já viram na vida!

Já foram bem tristes
Sem vida e calor.
Agora estão vivos
- Milagre do amor.

Que cor têm teus olhos?
São claros, escuros?
- A cor é segredo,
Segredo, eu juro!

Embora distante,
Em meio ao pavor,
Eu penso em teus olhos
E vivo de amor.

Que doce expressão!
Olhar sem malícia!
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.

GLOSANDO FERNANDO PESSOA



GLOSANDO FERNANDO PESSOA
Lairton Trovão de Andrade

MOTE

Se eu te pudesse dizer
o que nunca te direi,
tu terias que entender
aquilo que nem eu sei.

Se eu te pudesse dizer
o que passa em minha mente,

sorrir faria teu ser
por me ver assim contente.


Palavra pra te magoar,

O que nunca te direi,
- só prazer ao teu olhar
é o que sempre te darei.


Não haverá padecer
nem quando surgir a dor;

tu terias que entender
que o bom remédio é o amor.

Se fores embora um dia,
um ser sem forma eu serei...
Serei com acefalia

aquilo que nem eu sei.

A SECA


 A SECA
Lairton Trovão de Andrade
 
 
O sol ardente
Castiga a terra
E amargura
O agricultor;
A planta murcha,
Tudo é secura,
Morreu o córrego,
Não há mais flor.

Há quanto tempo
Não há mais nuvens?!
A minha estrada
Tornou-se pó;
Só mesmo a lágrima
Rega calada
Esta pobreza
- Miséria só.

Não coaxa a rã
Nem pula o sapo
Sob a taboa
Já ressecada;
Partiu a terra
- Pobre lagoa!
Não há peixinhos,
Não há mais nada.

O boi malhado
Não muge à tarde,
Tange o sincerro
Da Maravilha...
Há vida morta
Da várzea ao cerro,
Soluça a pomba
Lá na coxilha.

sábado, 25 de agosto de 2012

JURAS À SAUDADE


 JURAS À SAUDADE
Lairton Trovão de Andrade

Se me visse em solidão,
Sem, do futuro, visão,
De todo amigo, esquecido,
Ausente de um puro amor,
Sozinho, curtindo a dor,
Sentir-me-ia  perdido.

Neste mundo, abandonado,
Das minhas vozes, calado,
Numa tristeza sem fim,
Queria ter esperança,
Talvez, sonho de criança,
A nascer  dentro de mim.

Na fria penumbra, o ermo
Seria ponto de um termo
De um coração tão sofrido;
O fim da calamidade
Somente  a doce saudade,
De quem seria eu querido.

Sem medo, meiga rainha,
Carinho desta alma minha,
Juras de fidelidade,
Teria uma companheira,
Que me fosse toda inteira,
Que tem nome de SAUDADE.

LUAR NA MATA


 LUAR NA MATA
Lairton Trovão de Andrade

Luar na mata florida
Faz lembrar o ermo em festa,
Onde a saudade perdida
Abre a garganta em seresta.


Abre a garganta em seresta,
Com sentimento e emoção,
E brilha em toda a floresta
Saudade, amor e paixão.

Saudade, amor e paixão
Misturam-se com luar;
Inerte fica a razão,
Entre  sonhos a flutuar.

Entre sonhos a flutuar,
Neste luar de magia,
Que bom alguém para amar
Até ao raiar do dia.

Até ao raiar do dia,
O luar na mata atesta
Solene brilho e alegria
De dois amores em festa.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A VIDA É PASSAGEIRA


 A VIDA É PASSAGEIRA
Lairton Trovão de Andrade

Como o vento a vida passa,
Cedo cai no esquecimento;
Mas jamais será fumaça
Este amor – meu pensamento.

A vida é tão passageira,
Ah, eu nem posso pensar!
Pois, toda  trilha é ligeira
No mais rápido passar.

Tanto dinheiro, aos milhões,
Sem sinceras amizades,
Geram tantas decepções
Que roubam felicidades.

Vivendo-se na virtude,
Sem  ganância tão voraz,
Mesmo em  vida um tanto rude,
Pode-se ter muita  paz.

O pouco com Deus é muito,
Quando se tem caridade;
Nada, então, será fortuito
Perante franca bondade.

Feliz de quem, nesta vida,
Sabe só bem construir;
Terá triunfo e acolhida
Lá no seu novo porvir.

Tudo passa de verdade,
Menos o bem de uma ação;
Que fique pra eternidade
O Amor, qual luz da razão.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

BUSCO-TE


 BUSCO-TE
Lairton Trovão de Andrade

Busco-te, desde o alvor da aurora,
Na pétala afável da flor,
Nas sutilezas dos poemas,
Nos versos de algum trovador.

Busco-te, com todos meus passos,
Na voz ululante do vento,
No orvalho em gotas sorridentes,
Nos anseios do pensamento.

Busco-te, ó ninfa mais formosa,
Nas ondas místicas do incenso,
No voo da esperança ditosa,
Que faz de mim um ser imenso.

Busco-te, ó pérola do amor,
E o meu buscar não é em vão,
Triunfante, pois, aqui te encontro,
Dando-me laudas à razão.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

AVE-MARIA


 A V E - M A R I A !
Lairton Trovão de Andrade

Ave-Maria! ressoa o sino
Sonoro hino aos corações;
Da sacra musa vem melodia,
Na serrania, enternece os peões.

Ave-Maria! celebra o frade,
Com piedade e devoto amor;
A santa paz, que lhe sai da alma,
O mundo acalma do seu temor.

Ave-Maria! medita o monge,
Na gruta ao longe - bravo sertão;
Cansados dedos têm o rosário,
Que é seu breviário de oração.

Ave-Maria! a mãe soluça,
Quando debruça sobre o jazigo;
Mas sem angústia, chora sua sorte,
Que a fria morte levou consigo.

Ave-Maria! confessa o doente,
Que penitente no leito geme;
Tem esperança de não ser réu,
Diante do céu que este mundo teme.

Ave-Maria! diz a criança,
- Suave aliança de Deus e o mundo -
Que alma ingênua de graça pura!
- Doce candura de amor profundo.

Ave-Maria! o poeta escreve
Discurso breve de oração;
E tantas almas, que estão aflitas,
Rezam contritas com devoção.

Ave-Maria! - bênção da terra -
A prece encerra do sino a voz:
Nobre esperança - festiva hora -
Santa Senhora, rogai por nós!

sábado, 11 de agosto de 2012

MEU PAI


 MEU PAI
Lairton Trovão de Andrade

Quem era a figura grave
Que, do nascer ao pôr do sol,
Inspirava segurança e paz em nosso lar?

Era ele
A imagem viva do Criador,
Pois, feito um deus ,
Também foi criador,
Que protegera ,
Noite e dia,
A mim, aos meus irmãos,
À minha mãe
Das intempéries da vida
Que, às vezes, dificultavam
Nossos passos.

Ele fora a seriedade,
A coragem,
A certeza,
A ponderação,
O raciocínio,
O indicador do Horizonte,
A garantia do nosso futuro
 – Um  homem de verdade,
Que exibia
A mais elevada personalidade,
Reconhecida
Num ser de humanidade.

Essa ,
Digo de mim
Para mim mesmo,
É a figura que reverencio
Por todo o sempre,
Cheio de respeito e saudade,
De afeto e gratidão,
Por ter sido
MEU PAI.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

RAINHA DO ABISMO


 RAINHA DO ABISMO
Lairton Trovão de Andrade

“Eis que meu amado vem aí,
Saltando sobre os montes,
Pulando sobre as colinas”
(Cântico dos Cânticos)

* * *

Solitária orquídea do rochedo altivo,
Que o penhasco alegras com teu magnetismo,
Tens a pedra tosca, por trono cativo,
Onde vives presa, rainha do abismo.

Muito maravilhas o penhasco feio,
Do surgir da aurora até ao entardecer;
Mas teu coração está de angústia cheio
Por não ter aquele que desejas ter.

Que vale o sorrir da brisa em teu semblante,
Que se faz presente pra te acariciar?
Sem meigos carinhos deste amor distante,
Tudo, tudo vem pra te fazer penar.

O que mais fazer para te libertar?
Escalar montanha, além do abismo o horror?
Arriscarei tudo – quero te buscar!
Dar-te-ei uma vida repleta de amor.

Arriscarei tudo – vencerei o dragão!
Galgarei a escarpa – direção do norte;
Lutarei co´o vento – vencerei o tufão...
Vou salvar o amor – libertar-te-ei da morte!

SER FELIZ


 SER FELIZ
Lairton Trovão de Andrade

Plantando a semente do amor,
Com alma de plena justiça,
Vencendo os espinhos da dor,
Sonhei alcançar paz castiça.

Venci a existência sofrida,
Caráter bem forte eu bem quis,
Para que eu tivesse na vida
Mil razões de ser bem feliz.

domingo, 5 de agosto de 2012

SINEAR


SINEAR
Lairton Trovão de Andrade

"Vou-me embora pra Pasárgada
lá sou amigo do rei". (M. Bandeira)

Ao Sinear eu voltarei
Somente pra ser feliz;
Terei formosa rainha
E um belo trono de rei.

Lá no longínquo Sinear,
Serei eu dono do mundo;
Com mais doce dos amores,
Minha lira irei tocar.

Quero te ver no Sinear,
Hás de ser lá mais feliz:
Com juras tantas por mim,
Sempre irei te namorar.

A Babilônia me espera
 - Sou Nabucodonosor;
Verei a deusa Sumer
Em perene primavera.

Lá no reino do Sinear,
Eu fiz meu jardim suspenso;
Feito de nuvens do céu
É o meu castelo no ar.

Ao Sinear eu voltarei,
Para me esquecer de tudo;
Vou sonhar com a bela Isthar
E jamais me acordarei...

sábado, 4 de agosto de 2012

POR QUE BRIGAR?


 POR QUE BRIGAR?
Lairton Trovão de Andrade

Por que brigar, meu irmão,
Se a raiva passa tão logo,
E  fica a desilusão?

Há muito motivo a mais,
Não brigue, pois, eu lhe rogo,
Evite a dor e os seus "ais".

Por isso, não brigue, oh, não!
Que a dor do arrependimento
Massacra seu coração.

Sim, é mais fácil então,
Evitar a insana briga
Antes que pedir perdão.

SALSA-ARDENTE


 S A L S A – A R D E N T E
Lairton Trovão de Andrade
 
 O amor que vibra em meu peito
Já não tem mais dimensão!
Tomou conta do meu ser,
No meu ser há explosão.

É núcleo de sol em chama,
Doce delícia sem dor;
Vulcão ativo de estrela
– É assim que sinto o amor.

É o fogo da salsa-ardente,
Que arde em brasa incolor;
Vulcão que abrasa e não queima
– Oh, que delícia é o amor!

Às vezes, me faz chorar
 E de saudade morrer;
 Mas, quanta felicidade
Traz o amor em meu ser!

Ele é presente em você,
Foi ele o manjar de Zeus;
E todo aquele que ama
Tem um pouquinho de Deus.

Com ele, o nada é tudo,
 Sem ele, o tudo é nada;
Quem ama só quer amor
E, além do amor, mais nada.