"Literatura que não contribui
com o aperfeiçoamento do ser
humano é perversa ou inútil".

domingo, 30 de setembro de 2012

SONHO DOS MEUS SONHOS


SONHO DOS MEUS SONHOS
Lairton Trovão de Andrade


Sonhara eu que a política
bem conduzisse os humanos,
que morta estava a sofística
sem os modernos tiranos.

Um Brasil de educação,
com povo politizado,
sem nenhuma corrupção,
– eis um sonho bem sonhado!

Viver em paz nesta terra,
sem nenhum lance tristonho,
ver o fim de toda guerra
é a esperança do meu sonho.

A família colorida,
serena, em feliz união,
num pleno jardim de vida,
conquistando a perfeição.

As crianças com escola,
os adultos com trabalho,
a fartura na sacola
e o frio com agasalho.

Cidadãos com próprias pernas,
sem nenhuma bolsa-escola!
Fora as misérias eternas
da humilhação de uma esmola!

Saber que não há mais fome,
ter bons governos de zelos,
pessoas honrando o nome,
vencendo seus pesadelos.

Sem haver atrocidade,
com dias todos risonhos,
em doce felicidade,
– eis o sonho dos meus sonhos!

A CHUVA


A CHUVA
Lairton Trovão de Andrade
 
 
Da terra seca
Desfalecida,
Sedenta e pobre
De vegetais,
Nasce o sorriso,
A fonte é nobre
A vida canta
Nos mananciais.

A chuva fina
Do céu caindo,
Tão mansamente,
Regando a terra,
Faz germinar
Muitas sementes
Que o solo fértil
No seio encerra.

Emigram pássaros,
Deslizam gansos
Lá na lagoa
Que se transborda.
A chuva é graça,
A terra é boa,
Volta a fartura,
É o "sursum corda".

Oh! quem me dera
Que a chuva fina,
Em noite escura,
O dom me desse
De ter minh'alma
- Bem leve e pura -
Acariciada
Por uma prece.

sábado, 29 de setembro de 2012

MEU AMOR



MEU AMOR
Lairton Trovão de Andrade

“O amor é a fortaleza que
Levanta sobre mim”
        (Ct.2.4)

Amo-te muito e jamais sonhei
Que assim pudesse o amor te amar;
O amor que sinto expressar não sei,
Mas sei que o amor é maior que o mar.

Amo-te como ninguém na vida,
Quero-te tanto, bem mais que ao mundo;
Esta semente, n´alma nascida,
Cresceu, cresceu – é o amor profundo.

O amor é imenso e arde em minh´alma,
Mas é, contudo, meu lenitivo;
És o que tenho – minha doce palma –
E isso é o tudo pelo que vivo.

A vida é bela te amando assim,
Na luz do dia, sonho feliz;
Quem dera ter-te bem junto a mim,
Daquele jeito que eu sempre quis.

Em cada hora deste meu tempo,
Nestes minutos do meu viver,
Eu peço às nuvens, imploro ao vento:
Daqui me levem, lá está meu ser!

Amo-te muito e jamais sonhei
Que assim pudesse o amor te amar;
O amor que sinto expressar não sei,
Mas sei que o amor é maior que o mar.

PRIMAVERA

PRIMAVERA
Lairton Trovão de Andrade
 
Garbosa a primavera vem florida
Desabrochar, ligeira e colorida,
Pétalas de emoções.
Os pássaros gorjeiam bem felizes
Por entre tanto brilho e matizes
De flores aos milhões.   

Borboletas vermelhas e azuis
Tornam belos jardins muitos pauis
 – Pinturas de aquarelas.
Soberbo pé de ipê aqui da terra
Co´a natureza enfeita aquela serra
De flores amarelas.

Já vão se abrindo mil flores silvestres
Pra colorir, assim, vidas campestres
Com mais rara beleza.
Semeadores do solo estão sorrindo,
Debaixo deste céu de azul infindo
- Qual manto de princesa.

Nasceu a primavera em setembro
Para reinar com pompa até dezembro
– Agonia do ano.
As flores simbolizam a ternura,
Além de prenunciar grande fartura
Da estação de outono.

A rústica e alegre quaresmeira
Florescerá pujante, por inteira,
No calor do verão.
Homenagem do mês de fevereiro
Aos nascidos no signo derradeiro
– Com flores que virão.

Primavera feliz e esperançosa,
Que voltará pro ano bem viçosa
Num perene folgar.
Como o passar ligeiro da fumaça,
Para  nós, o ano é vida que passa
Pra nunca mais voltar.
 
Oh, que Deus nos ajude! – eu bem quisera!
Quando, no ano que vem, a primavera
De novo florescer.
Quero ver você, como vejo agora,
Com vida de esperança, em nova aurora,
Num feliz renascer.

domingo, 23 de setembro de 2012

CAMINHO DA SOLIDÃO


CAMINHO DA SOLIDÃO
Lairton Trovão de Andrade

Meu amigo,
Seja sincero consigo mesmo,
Torne-se um poema deslumbrante
E tenha razões para gostar de si mesmo.

Para a educação dos seus ouvidos
E  entretenimento da sua alma,
Saboreie  a boa música.

Pela bondade do seu coração,
Para que tenha caridade e paz na vida,
Viva  sempre Deus com religião.

Enriqueça  seu interior pela ciência, cultura e arte,
Para que seja de si mesmo excelente companhia
E jamais conheça o CAMINHO DA SOLIDÃO.

O CRIME DO SABIÁ


               O CRIME DO SABIÁ           
Lairton Trovão de Andrade
 
 
Por ter romântica voz,
O canoro sabiá
Sentiu seu destino preso
Numa gaiola, a penar...
Os humanos sem piedade
Tiraram-lhe a liberdade,
"Por seu crime de cantar"...

domingo, 16 de setembro de 2012

TEU CHEIRO


 TEU CHEIRO
Lairton Trovão de Andrade

Teu cheiro!
Ai, quem poderia descrever
O cheiro que teu ser exala?!
Não tem cheiro de rosa,
Não tem de carmim,
Não tem de violeta,
Não tem de jasmim.

Esse teu cheiro, ah!
Que delicioso ele é!
Não tem cheiro de flor,
Mas pleno de paz
E de leve candura,
O teu cheiro é de amor...
Somente de amor.

CORRUPÇÃO


 CORRUPÇÃO
Lairton Trovão de Andrade

Em nossa terra querida,
os justos ostentam ira
contra o sucesso na vida
da corrupção e a mentira.

Será que a calamidade
irá, ao bem, sobrepor?
Tornou-se o crime bondade
noutra escala de valor?

Este é o tempo dos contrastes,
vivemos no mundo cão.
Fazem os bandidos mais trastes
da nossa casa, prisão.

Corruptos estão no eito:
Do Congresso Nacional
à viela sem preceito
apoteose do mal!

Há criminosos sorrindo
na terra da impunidade.
Fica-se, então, assistindo
o avanço da crueldade.

Quanta gente sem preceito!
Políticos da Nação,
parecem, só tomam jeito
nas vésperas de eleição.

A quem iremos gritar,
suplicando proteção?
Só Deus para nos salvar
de tanta angústia e aflição!

Em meio a tanta sujeira,
feito pau de galinheiro,
eu sonho em ver a bandeira
do bom senso justiceiro...

Que Deus me dê a ventura
de ver ainda este mundo,
tendo a justiça e a cultura,
lavando este gueto imundo.

BRILHO DA QUIMERA


 BRILHO DA QUIMERA
Lairton Trovão de Andrade

Você partiu em busca d´outro reino,
Felicidade vã lhe estava à espera;
Abandonou o futuro certo à morte
E abraçou forte o brilho da quimera.

Partiu, com obsessão, para a conquista,
Como outrora os altivos bandeirantes;
Mas nenhum ouro quis seu coração,
Quis só paixão que valha diamantes.

Esmeraldas! – Sonhava Fernão Dias...
Borba Gato, o ouro! – o ouro das Gerais...
Dias Moréia, as minas de prata...
Mas sina ingrata deu-lhes tristes ais.

Borba Gato escondeu-se da Justiça...
Fernão morreu só co´a ilusão que fica...
Dias Moréia ainda se viu pobre,
Sem prata ou cobre – sua mina era mica.

Tais são as cores deste mundo fútil,
Assim é o coração tão venturoso;
Não avalia o bem em céu aberto
E deixa o certo pelo duvidoso.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

SOU BRASILEIRO


 SOU BRASILEIRO
Lairton Trovão de Andrade
 

Se brasileiro eu não fosse,
Daria este mundo inteiro,
Mundo tão rico e tão doce,
Só para ser brasileiro.

Por este solo tão rico,

Pelo verde da floresta,
Atônito ainda fico,
Com meu patriotismo em festa.

Por este Brasil querido,

Gigante continental,
O sangue corre aguerrido
Neste meu ser tropical.

Bem conheço, tenho ciência,

Do mundo da corrupção;
Mas, em muitos há consciência
De mudar este torrão.

Mais que os milhões de corruptos

Que denigrem nosso chão,
Milhões de heróis, interruptos,
Fazem bem grande a Nação.

Eu tenho plena certeza,

Meu pensamento é fecundo:
Meu País tem mais riqueza,
Em breve, Primeiro Mundo!

Somos povo de paixão,

De humor, esperança e glória;
Gente aqui tem ambição
De ir à luta, à vitória!

Se brasileiro eu não fosse,

Daria este mundo inteiro,
Mundo tão rico e tão doce,
Só para ser brasileiro.

HOMEM TAMBÉM CHORA


 HOMEM TAMBÉM CHORA
Lairton Trovão de Andrade

Dizem que homem não chora.
Como não!
Isso é lenda do passado,
Era dos machões,
Daqueles que se envergonhavam de ser homens
E faziam apologia à brutalidade dos animais.
Pousavam de insensíveis
Alheios à dor,
Ao perfume da flor,
Ao suspiro do amor,
Aos carinhos da mulher.

Foram grandes imbecis
marcadores de época.

Mas homem, que é homem, chora...
Chora, ao nascer,
Chora, quando perde sua mãe,
Chora , quando abandonado pela pessoa amada,
Chora por uma humilhação,
Chora por um título recebido,
Chora por pequenas conquistas.

Homem, que é homem, também chora.

SE...

S E ...
Lairton Trovão de Andrade

“Põe-me como um selo sobre o
teu coração,  porque o amor é
forte como a morte.” (Ct.8.6)


Se fossem apagados meus olhos,
Se a língua não mais eu movesse,
Se a voz que acalenta morresse,
Sem versos pra te comover...
Se o meu coração não pulsasse,
Se a vida a existência deixasse,
Seria tristeza em teu ser.

Se não me fluíssem as letras,
Se o cérebro aceso apagasse,
Não mais a emoção me tocasse,
Sem lábios de amor pra aquecer-te,
Sem nada de odor pra sonhar,
Sem mãos para mãos encontrar,
Então... como, ainda, querer-te?!

Se ouvidos não mais te ouvissem,
Se o ser que há em mim terminasse,
Se o néctar não mais eu tomasse,
Se nada, mais nada, a rimar,
Se ausente me fosse o carinho
– Passado saudoso em meu ninho,
Com que poderia te amar?

Se a Lua eu não mais contemplasse,
Se a lira calasse pra mim,
Se a noite me fosse sem fim,
Se tudo esvaísse em meu ser,
Minh’aura, sozinha, apagada,
Saudade esmagando meu nada,
Seria só dor teu viver.

Ainda que assim ocorresse,
Teria a memória em teu nome;
E o tempo que o tempo consome,
Iria seu ciclo encerrar;
Na vida do além-infinito
Teu ser ser-me-ia bendito,
Pra sempre eu iria te amar.

Ainda que tudo passasse
E o corpo pro nada partindo,
Minh’alma só luz refletindo
– Reflexo de um novo luar;
Seria esplendor de visão
– Eterna, infinita paixão:
Tu’alma poder contemplar.

Ainda que eu fosse só cinza,
Teria uma flor neste mundo
– Semente de amor tão profundo,
Espírito oculto a me amar;
Além, muito além, com fulgor,
Há forma, há pureza, há amor:
Tu’alma eu iria abraçar.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

PÁTRIA DESPEDAÇADA


 PÁTRIA DESPEDAÇADA
Lairton Trovãode Andrade

Não ouço o rufar dos tambores, Brasil!
Já não brilha mais o “Sete de Setembro”!
Crianças não marcham sob o céu de anil,
Só restam saudades daquele bom tempo.

Adeus bandeirinhas, adeus bandeirolas!
Calaram-se os bumbos, calou-se o mancebo;
Não há mais repiques – morreram escolas!
Adeus, alegria – adeus pau-de-sebo!

Nenhuma palavra de sério civismo,
– Não se considera a Terra, onde nascemos –
Tudo é muito triste – faliu o patriotismo!
E, por esta Pátria, não mais morreremos.

Pelo que não se ama, jamais alguém morre,
A falta de amor traz a destruição,
A Pátria agoniza e ninguém a socorre,
Grande onda, agora, é mesmo a corrupção.