"Literatura que não contribui
com o aperfeiçoamento do ser
humano é perversa ou inútil".

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

SE...

S E ...
Lairton Trovão de Andrade

“Põe-me como um selo sobre o
teu coração,  porque o amor é
forte como a morte.” (Ct.8.6)


Se fossem apagados meus olhos,
Se a língua não mais eu movesse,
Se a voz que acalenta morresse,
Sem versos pra te comover...
Se o meu coração não pulsasse,
Se a vida a existência deixasse,
Seria tristeza em teu ser.

Se não me fluíssem as letras,
Se o cérebro aceso apagasse,
Não mais a emoção me tocasse,
Sem lábios de amor pra aquecer-te,
Sem nada de odor pra sonhar,
Sem mãos para mãos encontrar,
Então... como, ainda, querer-te?!

Se ouvidos não mais te ouvissem,
Se o ser que há em mim terminasse,
Se o néctar não mais eu tomasse,
Se nada, mais nada, a rimar,
Se ausente me fosse o carinho
– Passado saudoso em meu ninho,
Com que poderia te amar?

Se a Lua eu não mais contemplasse,
Se a lira calasse pra mim,
Se a noite me fosse sem fim,
Se tudo esvaísse em meu ser,
Minh’aura, sozinha, apagada,
Saudade esmagando meu nada,
Seria só dor teu viver.

Ainda que assim ocorresse,
Teria a memória em teu nome;
E o tempo que o tempo consome,
Iria seu ciclo encerrar;
Na vida do além-infinito
Teu ser ser-me-ia bendito,
Pra sempre eu iria te amar.

Ainda que tudo passasse
E o corpo pro nada partindo,
Minh’alma só luz refletindo
– Reflexo de um novo luar;
Seria esplendor de visão
– Eterna, infinita paixão:
Tu’alma poder contemplar.

Ainda que eu fosse só cinza,
Teria uma flor neste mundo
– Semente de amor tão profundo,
Espírito oculto a me amar;
Além, muito além, com fulgor,
Há forma, há pureza, há amor:
Tu’alma eu iria abraçar.

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