"Literatura que não contribui
com o aperfeiçoamento do ser
humano é perversa ou inútil".

domingo, 26 de maio de 2013

ELA


ELA
Lairton Trovão de Andrade

Quando num espelho simplesmente olho
E contemplo um fruto de tão linda vargem,
Penso na senhora que há tempo adoro,
De quem gostaria de ver a imagem.

A minha alma jovem, coração filial,
Com saudade, ainda, muitas vezes sente
Os teus leves passos - andar maternal,
Que se aproximava do meu leito quente.

Vinhas de manhã, ó minha mãe querida,
Com a saudação de um maternal sorrir;
Talvez era ledo sonho desta vida,
- O teu testemunho certo do porvir.

Passaram-se verdes e inocentes anos,
Alcancei viver a nona primavera;
De ti me acerquei e te contei meus planos
E feri o amor que no teu seio gera.

Morreram os meses que no nada estão,
Aos amados vindo... acheguei-me a ti,
Sentido inclinei-me e te osculei a mão,
Beijei tua face e, chorando, parti.

Já no despontar da minha vida a aurora,
Sem levar em conta esta separação,
Lês em mim com alma que festiva chora:
"Mãe, sou coronária do teu coração".

Agora compreendo porque muito me amas
- Porque sou semente do teu próprio ser;
Como a luz do Sol de calorosas chamas,
Tu a mim aqueces com o teu viver.

O filho que tens, com especial carinho,
Beijando tua fronte que tão longe mora,
Vem pedir-te, agora, a bênção bem baixinho,
Deixando a tua alma que saudosa chora.

SEPULTURA


SEPULTURA
Lairton Trovão de Andrade

Foste hoje, do inverno, a palidez,
Indiferença de uma lua fria,
Garoa mórbida em languidez,
Retrato da esperança em agonia.

A musa que inspira sofrimento,
Deusa feroz a oferecer inferno,
Horas longas de um dia de tormento,
Assassinato de um amor eterno.

O amor sublime é sempre superior,
Seus grilhões não se prendem na paixão;
Não tem por fim disseminar pavor
Com ferrões invisíveis de prisão.

Queres saber como se mata o amor
- O amor parceiro de carinho e zelo?
Dá-lhe da indiferença o seu horror
E, como xeque-mate, o olhar de gelo.

Despreza com furor o teu parceiro,
Nega-lhe gestos de carinho, enfim,
Provocando-lhe ciúme com terceiro
E verás que o amor terá seu fim.

terça-feira, 21 de maio de 2013

BÊNÇÃO DE SANTA RITA


BÊNÇÃO DE SANTA RITA
Lairton Trovão de Andrade

Dai-nos a bênção, ó Santa Rita,
Dos nossos males vem nos curar;
Dai-nos viver vida contrita
E que possamos a Deus amar.

Dai-nos a bênção, ó Santa Rita,
Do bom Jesus o seu perdão;
E pela Cruz santa e bendita,
A graça imensa da salvação.

ERROS MEUS - ERROS SEUS


ERROS MEUS - ERROS SEUS
Lairton Trovão de Andrade

Cansado estou de versos escrever,
A minha musa é inspiração temática;
Ela me infunde o fácil entender,
Mas não me ensina as regras da gramática.

A ênclise, às vezes, devo usar,
Com frequência, também surge a mesóclise;
Difícil de escever o que falar!
- Uso ênclise, mesóclise ou próclise?

A Língua Portugesa é "Flor do Lácio",
Por entre espinhos, vejo o "qui, quae, quod";
O Latim é da lusa o prefácio,
- Sem tal semialogia, o que se pode?!

Aí está o "xis" desta equação;
- Bem diferente é a língua britânica;
Em Latim, minha escrita é aberração
- Tudo (quem sabe?) é regra de semântica.

E o meu digitador de profissão
Não corrige nenhum dos erros meus;
E a sua impressora, em ação,
Imprime, além dos meus, os erros seus.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

AMOR DE MÃE


AMOR DE MÃE
Lairton Trovão de Andrade


Mãe,
Não terás trocadilhos imortais,
Nem lágrimas de lirismo,
Nem a suavidade de um poema
Neste quadro de veneração filial.

Terás a gratidão perene,
O coração contrito,
Os anseios,
Os suspiros
Dos teus filhos
Em oração:

Mãe,
Que belo tema!
Que bela sinfonia!
Que belo amor é o teu!
És a expressão do Criador,
A pupila do nosso lar,
A essência feminina,
A sensibilidade
Do amor humano.

O teu amor
Não tem crise,
Não tem fracasso,
Não tem rival.
– Ele é puro,
Absoluto,
Inefável
Como os mistérios divinos...
Que filho
Não quer gozar
Do teu amor?!

...........................................

Como os pássaros
Que suspiram
Pelos ares campesinos,
Suspiramos, sôfregos,
Pelo teu amor,
Que não tem interesse próprio,
Que não tem malícia,
Que não tem paixão.

Quando teus lábios dóceis
Sorriem em doce enlevo,
Quando teus olhos,
Já no entardecer,
Volvem para teus filhos,
Sentimos, em profundo silêncio,
Que deverias ser imortal.

.............................................

Sem ti,
Somos o sabiá perdido
Na melancolia do deserto,
O rouxinol que, ferido,
Não canta mais.
És muito grande
Para que a morte macabra
Venha tocar
Com seus dedos mortuários,
No teu ser miraculoso,
Sagrado,
Imenso.

És maior
Que a plenitude do universo,
Uma gota de orvalho
Mais intensa que o oceano,
Um instante mais duradouro
Que o século.

Guarda sempre teus filhos
Debaixo das asas do teu amor!
Lá existe
Segurança
E paz.

....................................

Sejas o anjo amigo,
O brilho do Sol!
Sejas forte
Como o rochedo
Do mar bravio,
Constante
Como a eternidade,
Fiel
Como os serafins de Deus!

Mãe,
Tudo cessa,
Tudo se acaba,
Tudo morre neste mundo de surpresa,
Mas que não cesse nunca,
Que não morra eternamente
O teu sublime
AMOR DE MÃE!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

PERDAS


PERDAS
Lairton Trovão de Andrade

Perdas! Perdas irreparáveis
Pelos anos que inutilmente se passaram,
Pelas ingratidões aos benefícios recebidos,
Pela falta de fé às graças do Criador.

Perdas - pelas negligências nos bancos escolares,
pela infidelidade com a própria humanidade,
pelo desamor aos pássaros, aos animais, às plantas,
pela destruição irracional da natureza.

Perdas - pelos bens esbanjados,
pelo desrespeito ao semelhante,
pelo filho não educado,
pela amizade que se foi,
pelo amor não correspondido,
pelas lágrimas da mãe não enxugadas...
Perdas! quantas perdas, meu Deus!

MÁGOA PROFUNDA


MÁGOA PROFUNDA
Lairton Trovão de Andrade

Sou peixe, sou santista, sou cristão,
Sou romântico, sonhador, sou poeta!
Canto minhas conquistas,
Celebro a alegria alheia,
Torço pela Humanidade,
Expulso de mim a tristeza,
Sou livre para ser eu...
Minha meta é ser feliz,
Não tenho mágoa,
Não tenho mágoa profunda!

A mágoa traz tristeza,
Desânimo,
Angústia,
Pessimismo,
Dor,
Retrocesso,
Infelicidade...

Sou jovial, sou lírico, sou trovador!
Canto a natureza linda,
A vida que renasce,
A Providência  do Criador,
A bondade das criaturas,
A esperança em dias melhores...
Minha meta é ser feliz
E dizer todos os dias:
Viva! Viva o AMOR que há em mim!
Por isso, não tenho mágoa!
Deus me livre de toda MÁGOA PROFUNDA.

SAUDADE DE OUTRORA


SAUDADE DE OUTRORA
Lairton Trovão de Andrade

"ò tu, que habitas nos jardins,
  faze-me ouvir a tua voz".
              (Ct.8.13)
 

Com grande saudade
Relembro-me agora,
Qual sonho tão lindo,
Dos tempos de outrora;
Sonhando eu sabia
Que alguém me esperava,
Feliz e sorrindo...
Então, me acordava.

Ao brilho do Sol,
A aurora sumia;
Alegre eu partia,
Depois do arrebol.
Eu era feliz:
Buscava meu mundo,
Que o mundo retinha,
Bem dentro de si.

E o mundo que eu tinha
No seio do mundo,
O mundo não via
Que glória era a minha.

Ao brilho do Sol,
A aurora sumia;
Alegre eu partia,
Depois do arrebol.

Eu era feliz:
Buscava o amor
- Da alma o perfume,
Que é alma da flor.

Do mundo que eu via,
Tão perto de mim,
Nem mesmo eu sabia
O tudo que eu tinha.

Com grande saudade,
Relembro-me agora,
Qual sonho tão lindo,
Dos tempos de outrora;
Sonhando eu sentia
Que alguém me esperava,
Feliz e sorrindo...
Então, me acordava...

POMBINHA MEIGA


POMBINHA MEIGA
Lairton Trovão de Andrade

"Mostra-me o teu rosto,
  faze-me ouvir a tua voz."
        (Ct.2.14)
 

Pombinha meiga de cor rosada,
Vem aquecer-me com teu calor!
Apaixonado estou, minha amada,
Por este cheiro que tens da flor.

Pombinha meiga de rósea cor,
Cristais dos olhos - cristais do mar,
Ó suave néctar - sublime amor,
Leva-me às nuvens para eu sonhar.

Pombinha meiga, tão cor-de-rosa,
De lábios dóceis, de viva cor;
ssim contemplo-te, ó carinhosa,
Ternura amena, cheia de amor!

Pombinha meiga de cor rosada,
Cândida lágrima cristalina,
Sonha comigo, musa esperada,
Sonha somente, rósea menina.