"Literatura que não contribui
com o aperfeiçoamento do ser
humano é perversa ou inútil".

sábado, 12 de outubro de 2013

RIO PINHALÃO


RIO PINHALÃO
(Ribeirão Grande)
Lairton Trovão de Andrade
 

Águas mansas, mansas águas,
Que descem pelas encostas,
Brincando com redemoinhos,
Levam sonhos, levam mágoas,
Decepções cheias de crostas,
Em chorosos burburinhos.

Do Rio, em cada paragem,
De alegria ou de tristeza,
Há história pra contar;
A enchente que alaga a vargem,
Com a forte correnteza,
Arrasta histórias pro mar.

Como é imensa a saudade
Dos infantes gorjeios tantos
Em águas do Ribeirão!
Fora-se a felicidade
Que trouxera seus encantos
Às ondas do Pinhalão!

As flores das quaresmeiras
Povoam suas barrancas,
Matizando águas do Rio.
Sobre as verdes trepadeiras
Pousavam garcinhas brancas
Que voavam pro céu de anil.

Na altura do "Lavador",
Senhoras branqueavam roupas,
Num festival de alegria.
O ágil Martim Pescador
Prendia-se nas garoupas
Da pujante cercania.

E a traquina criançada
Saltitava em algazarra
Na prainha do "Razão".
Os gritos da petizada,
Como cantos de cigarra,
Zumbiam no Ribeirão.

O "Poção", a "Corredeira",
A velha "Ponte-de-Pedra",
O lago ameno da "usina"!
A brisa da "Amoreira",
Delícia que ainda medra
Até a saudosa "turbina"!

Extensa aguada em represa
Na "Ponte da Serraria"
- Cevada região pesqueira!
Ali, havia a certeza
De pródiga pescaria
De segunda à sexta-feira.

O Rio declina o planalto...
É mais bravio na ladeira,
- Protegido pela mata.
Tomba, espumejante, do alto,
Criando linda cachoeira,
Em dobres de serenata.

Que saudade eu tenho agora
Dos meus tempos de esperança
Nas margens do Pinhalão.
Saudade tanta se aflora
Dos dias quando, em criança,
Sonhava meu coração.

 
... E descem as mansas águas,
Descem pelas encostas,
Águas do rio que se expande...
Leva sonhos, leva mágoas,
Decepções cheias de crostas,
O calmo Ribeirão Grande.
 

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