"Literatura que não contribui
com o aperfeiçoamento do ser
humano é perversa ou inútil".

quinta-feira, 26 de julho de 2012

FILHA DE JERUSALÉM


 FILHA DE JERUSALÉM
Lairton Trovão de Andrade

"Sou queimada pelo sol,
   mas sou bela..." 
(Ct. 1.5)

Tenro broto de Davi,
Uva-licor de Engadi,
Brisa de Jerusalém;
Teu ser é mirra e aloés,
Tua voz, tanger de oboés
- Sorriso puro que vem.

Da minha régia liteira,
De pedraria altaneira,
Contemplei Jerusalém;
Vi o cimo azul do Hebron,
A piscina de Hesebon
E a planície de Siquém.

Salve, plácida Sião,
Augusta força do Leão,
Olhos vivos do Leopardo;
Dá-me a tenda de Cedar,
Quero, de novo, sonhar
Com o perfume do nardo.

Junto à fonte d'Água Viva,
Recebi da bela Diva
Dourado favo de mel:
Um sorriso de donzela,
De esbelta boca singela,
Coberta com branco véu.

Quero que parta meu séquito
Com este exército intrépido,
Cheios de bajulação;
E as oitenta concubinas,
Agoureiras de rapinas,
Foram minha perdição.

Dá-me a púrpura do rei,
Minha voz é sempre lei
Pra toda escória daninha;
Adeus, óleo derramado,
Sombra triste do passado
- Uma só é a rainha.

Vem, minha formosa, vem,
Filha de Jerusalém,
Pras tendas de Salomão;
Sorverás os cinamomos
E as delícias destes pomos
Que brotam do coração.

No jardim das Macieiras
Descem límpidas cachoeiras
Regando mil açucenas;
Ali, a vida alvorece,
Lume de amor que floresce
Em gêmeas almas serenas.

Minha lira está ritmada,
O meu canto é alvorada
Até ao cume do Amaná;
Ó donzela de Sião,
Sou teu doce Salomão
E tu és minha Sabá.

Tenro broto de Davi,
Uva-licor de Engadi,
Brisa de Jerusalém;
Teu ser é mirra e aloés,
Tua voz, tanger de oboés
- Sorriso puro que vem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário