"Literatura que não contribui
com o aperfeiçoamento do ser
humano é perversa ou inútil".

sábado, 29 de dezembro de 2012

ANO NOVO


ANO NOVO
Lairton Trovão de Andrade

Feliz Ano Novo, amigo,
Rejubile-se em festança!
Que o Bem esteja consigo
numa vida de pujança!

Ano Novo – vida nova!
Que venha a prosperidade,
qual fonte que se renova,
trazendo a felicidade!

É percurso de esperança
de fartura paro povo.
A gente, que em vida avança,
Quer mais vida no Ano Novo.

Ano novo é alegria
e ventura no porvir,
solução à carestia
que faz a gente sorrir.

Que a tristeza se dissipe,
que pra todos haja trigo,
que do amor se participe,
criando-se um mundo amigo.

Com você há de estar Deus
em qualquer das situações,
amparando os entes seus
de todas as aflições.

Seja, pois, Ano de paz
e que jamais se desfaça,
riqueza que o sonho traz
com vida plena de graça.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

NOITE DE NATAL


NOITE DE NATAL
Lairton Trovão de Andrade
 


Diz o profeta Isaias:
Um Menino nascerá!
Sob o cetro do Messias,
dos céus o reino virá.

Noite de graça infinita,
de santa harmonia e luz,
na manjedoura bendita,
repousa o manso Jesus.

O Verbo da profecia,
de todo mal ilibado,
nasce da Virgem Maria
– Divino Deus Encarnado!

Triste foi o fim de Adão
que o mal nos deu por herança,
mas Deus, de imenso perdão,
conosco fez nova aliança.

Noite de grande ventura
a do Natal de Jesus:
Um Deus envolto em ternura
à salvação nos conduz.

Glórias a Deus nas alturas
cantam anjos na amplidão;
e as almas simples e puras
sentem paz no coração!

domingo, 16 de dezembro de 2012

O DOM DA SABEDORIA


 O DOM DA SABEDORIA
Lairton Trovão de Andrade

O dom da Sabedoria,
do Espírito Santo, é graça
de ver, com santa alegria,
o Bem até na desgraça.

A santa Sabedoria
traz plenos conhecimentos.
Vislumbra plena alegria
na essência dos Mandamentos.

O melhor conhecimento,
que nos traz prosperidade,
vem do santo abrasamento
de um Deus de Sabedoria.

Somente na retidão
obtém-se Sabedoria,
com senso de religião
e sagrada teologia.

Sabedoria divina,
fonte de imortalidade,
que esplendores nos ensina
de eterna felicidade.

TROVAS DE AMOR


 T R O V A S  D E  A M O R
Lairton Trovão de Andrade
 
O mais feliz sentimento
deixa o mundo multicor,
possui delicioso alento
e o doce nome de amor.

Teu olhar é meu poema
que estou sempre a recitar;
eu fiz dele lindo tema
que me faz sorrir e amar.

O que há de mais imenso
não é o mar que aí se vê;
pois interior mais intenso,
que o mar azul, tem você.

Você é luz de luar,
é poesia encantadora.
Venha, pois, iluminar
minha vida sonhadora.

Este frio de pleno inverno
branqueia de geada o Sul;
mas o teu calor mais terno
deixará meu mundo azul.

Da sombra da penedia,
procurei, na Lua a paz,
pra fugir da nostalgia
que tua ausência me traz.

Oxalá, seja o teu beijo
como à praia beija o mar,
saciará o meu desejo
no mais doce acalentar.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

ESTRELA-DO-MAR


ESTRELA-DO-MAR
Lairton Trovão de Andrade

No mar bravio desta vida,
sem rumo pra navegar,
rezo à minha Mãe Querida,
que é minha Estrela-do Mar.

***

Eu busco seguro porto,
onde posso me ancorar;
Terei ali meu conforto
na santa Estrela do Mar.

***

Virgem pia, Estrela Pura,
não me deixeis à deriva!
Dos meus males, minha cura
nesta vida fugitiva.

***

Estrela-Mãe, Virgem Maria,
de Deus a predestinada,
conduzi-me, pois, um dia,
pra eterna e feliz morada.

***

MINHA TERRA


MINHA TERRA
Lairton Trovão de Andrade

Quisera cantar minha terra natal
E muito acender deste povo a paixão;
Por certo, não há no Brasil terra igual,
Que possa atrair a qualquer coração.

Em solo tão rico de plena poesia,
Com graça, surgiu e se ergueu Pinhalão;
E o seu mui glorioso futuro teria
História heróica e sem par tradição.

Situada no norte setentrional,
Outrora região de soberbo pinheiro,
Nasceu silenciosa, também natural,
No último dia do mês fevereiro.

Menina dos olhos do pinhalonense,
Irmã natural da araucária do sul;
Saudável torrão – solo paranaense –
Dos dobres festivos da gralha azul.

Com ruas tão amplas, bem arborizadas,
De muita esperança sorri Pinhalão;
Seus dias são sempre canções de alvoradas,
Que prendem os filhos ao seu coração.

Existe centelha de felicidade,
Que vida feliz tem-se neste lugar!
E quem se mudou para outra cidade,
Espera, em breve, poder regressar.

Pra mistificar esta bela paisagem,
Jovial serpenteia seu rio, Pinhalão;
Levando em seu curso a voz da mensagem,
Que espera da gente vital proteção.

O “Boa Vista” altivo, qual dedo de Deus,
No alto insuflado – beleza da serra –
Parece trazer opulência aos plebeus,
Que vivem o nobre labor desta terra.

Região benfazeja, por Deus, abençoada,
Aqui já prosperam sutis morangais;
E a sua lavoura é prenda dourada,
Perante a altivez dos rubis cafezais.

Verdejam, à margem da estrada, amoreiras,
Da seda é fonte de orgulho tão vasto;
Além, na colina, estão vacas leiteiras,
Tranquilas vivendo da seiva do pasto.

Estâncias floridas de clima ameno,
Jardim-paraíso em perene maná;
A brisa suave balança, em aceno,
Cheirosa ramagem de maracujá.

“Cidade querida, feliz Pinhalão,
Tremulam as cores da tua Bandeira;
E o teu Hino Pátrio só traz emoção
E orgulho à Pátria gentil brasileira”.

sábado, 1 de dezembro de 2012

LUZ INTERIOR


 LUZ INTERIOR
Lairton Trovão de Andrade 

Deixe que a luz
Do seu interior

Ilumine caminhos
De outros transeuntes,

Pois a luz que há em você
É única e maravilhosa

E tem a singularidade
Do fulgor individual.

LÁGRIMA OCULTA


LÁGRIMA OCULTA
Lairton Trovão de Andrade

Gota de pranto d´alma escondida
Que sutilmente caiu da flor;
Foi o pulsar da emoção dorida
Que ternamente expandiu odor.

Foi essa lágrima, então, pendida,
Que dos teus olhos eu vi brotar,
Lágrima única, enternecida,
Que, compungido, me fez sonhar.

Lágrima afável e misteriosa,
Secretamente mui delicada,
Deixou esbelta – manhã graciosa,
A linda face sempre corada.

Serena alma em lindo semblante,
Quão silenciosa é a oculta dor!
Teu seio puro – pombinha errante,
Só busca o sonho de um puro amor.

Lágrima doce em face formosa,
Ó lábios puros de viva cor,
Encosta aqui o teu rosto rosa
E que eu, de graça, te dê amor.

MENINA-MULHER


 MENINA-MULHER
Lairton Trovão de Andrade

Menina Maria,
Sem regalia,
Tão pobre, tão triste,
Ninguém te assiste...
Sem rumo na rua,
A dor te cultua,
E sinta o teu charme,
Pra tudo o que vier:
“No colo carregas
Boneca de carne,
Que , antes do tempo,
Tornou-te mulher”!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A PAZ


 A PAZ
Lairton Trovão de Andrade

Viver com humanidade,
sem angústia nem paixão,
com toda serenidade,
é ter paz no coração.

Observar sua consciência
sem ter que chorar atrás,
é sentir doçura e ciência
do que seja estar em paz.

Quem habita bem a Terra
e age com tranqüilidade,
quem condena sempre a guerra
promove a paz e a amizade.

Ainda que haja injustiça
com a traição perspicaz,
a minha grande cobiça
é sempre viver em paz.

Com mais correta intenção,
como, de Abel, o penhor,
sobe ao céu minha oração,
pedindo a paz do Senhor.

Que meu Deus Onipotente
a todos derrame a graça
de ter a paz permanente
na vida de cada raça !

Sim, que possamos dizer,
sem nenhum remorso então,
com paz, amor  e prazer:
“Eu te abraço, meu Irmão”!

TUAS MÃOS


 TUAS MÃOS
Lairton Trovão de Andrade

Suaves mãos, mãos afeiçoadas,
De puros gestos, carinhosas;
Ó níveas mãos, mãos abençoadas,
Que coisa as fez assim formosas?

Macia palma, aveludada,
O dorso – cheio de expressão...
O que será tem de encantada
A placidez da tua mão?

E brandamente com ternura,
Amigas mãos, quentes, me vêm;
Não é paixão, não é loucura,
Mas essas mãos – o que elas têm?

Volvem pra mim tão docemente,
Como se, então, me dessem um beijo;
E no tanger mais complacente,
Com grande afeto eu sempre as vejo.

Mesmo de frágil compleição,
Fazem-me forte qual gigante;
Quanta magia em cada mão!
Por elas só, vou sempre avante.

Na branca palma da tua mão,
Soletro as sílabas da vida;
Eu vejo um “M” com paixão
– Centro do amor é a letra lida.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O LIVRO


O  L I V R O
Lairton Trovão de Andrade

O Livro é a nascente da sabedoria,
Da cega ignorância, o implacável crivo.
Dos homens de bem, o necessário guia
E da humanidade, o baluarte vivo.

Ele é a chave de ouro da educação,
Que afasta do mundo o pesar da incerteza;
É o amigo fiel que está à altura da mão,
Até nos momentos árduos de tristeza.

É o que dá vigor constante à inteligência,
Mesmo que se viva preso à solidão;
Grande companheiro e enlevo, com freqüência,
Que aprimora muito o brilho da razão.

Como é grande o Livro, verdadeiro mestre,
Que forma discípulo de exemplar conduta!
É o burilador do caráter agreste,
Que faz dele forte pra sem trégua luta.

A quantos, na vida, o Livro foi cortês!
De todo progresso é exímio construtor;
Jamais se ufanou do bem que sempre fez,
Dando, para muitos, louros de doutor!

Exemplo de livro é o romance relido
Que fala da vida, do amor e dos prantos;
Há livro, em quantia, de normas escrito...
– Excelente é a Bíblia, que é o livro dos santos.

Leia! Leia livro de requinte, amigo!
Ele tem valor sublime e universal;
Que o bom livro seja tal como um abrigo
Contra as investidas perenes do mal.

Oh, feliz daquele que, na cabeceira,
Tem livro de estudo ou da melhor leitura!
Terá mente farta em sua vida inteira
E alegria imensa de semear cultura.
 

RÊVE D' AMOUR


 “RÊVE D´AMOUR”
Lairton Trovão de Andrade

Hoje, ao me levantar, no alvor da aurora,
Com os gorjeios do sabiá, lá fora,
Senti um pesar que descrever não sei...
O amanhecer se abria em paraíso...
Para alcançar a luz do seu sorriso,
Abri meu piano e, pra você, toquei.

Mexeu comigo a melodia amena,
Foi refrigério doce de paz serena,
– Momento inesquecível que sonhei.
Em cada acorde revivi lembranças,
D´alma os turbilhões foram-me bonanças,
“Sonho de Amor”, só pra você, toquei.

“Revê d´Amour” hei de tocar com arte,
Quer n´alvorada, ou no cair da tarde,
Com a luz soturna e tênue do abajur.
O piano altivo, em lírico trinar,
Ponteia notas de fazer chorar
Cordas que vibram só: “Revê d´Amour”.

Belo noturno ecoou com ternura,
Canoro enlevo de arte egrégia e pura,
– Sublimidade nobre que busquei.
Misterioso amor – afeição qu dura
Na letra renovada de uma jura:
“Revê d´Amour”, só pra você, toquei...

O TEMPO


 O  T E M P O
Lairton Trovão de Andrade
 

Há quanto tempo
Eu perco tempo!

Só pode o tempo
Passar no tempo.
O tempo é tem
De todo tempo.

“Não perca tempo,
Pois esse tempo
Não volta no tempo.

Um dia terá tempo
Para lastimar do tempo
Que ficou no tempo”.

Oh, “tempora”!
Oh, “tempora”!

 ..................................

                                                        
Mas alguém do tempo
Vem, em tempo,
Interromper meu tem
Que escrevo do tempo.
Pede-me um tempo
Para dizer, com tempo,
Que só nesse tempo
Terá tempo.

Eu, sem tempo
Dou-lhe um tempo
E haja tem
Pra quem tem tempo
Que fala a todo tempo,
Sem se incomodar com o tempo,
Nem com o meu tempo.
Assim, meu tempo
Ficou sem tempo.

“Falei do tempo
A todo tempo...
Será que algum tempo
Ficou fora do tempo”?!

E por falar do tempo,
Como vai o tempo?

........................................


Fora do tempo:
"Quanto tempo
Foi gasto do seu tempo
Para a leitura do meu Tempo"?

E o tempo
Foi-se no tempo!..

PROFESSORINHA


 PROFESSORINHA
Lairton Trovão de Andrade
 
Professorinha de raras prendas,
Que já cedinho pra escola vens,
Olha a alegria das criancinhas!
– Essas gracinhas te querem bem.

O fino dote que te é pessoal
Fez-te princesa de muito juízo;
Há vida plena nas tuas formas,
Que sempre adornas com teu sorriso.

Queria ver-te de guarda-pó,
De ti pendendo qual níveo véu,
Serias linda pombinha branca,
A ninfa santa que vem do céu.

Esta fragrância das tuas aulas
A criancinha tanto extasia;
És alecrim – delicado ramo
Que o gaturamo pousou um dia.

E como a garça do lago azul,
Que já prendeu estes olhos meus,
Acaricias os filhotinhos
– Lindos filhinhos que não são teus.

Qual pelicano abri meu peito,
Pra dar acordes ao teu encanto;
Darei o ritmo à harmonia
E melodia para meu canto.

Pudesse eu ser algum trovador,
Ao som da lira ou de realejos,
Poesias lindas eu te faria
E te daria o melhor dos beijos.

Professorinha – cultura viva! –
O teu caminho é o melhor que há;
És uma luz lá no horizonte,
A doce ponte do “b-a-bá”.

Queria ver-te de guarda-pó,
De ti pendendo qual níveo véu;
Serias linda pombinha branca,
A ninfa santa que vem do céu.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

TROVAS DE PRIMAVERA


TROVAS DE PRIMAVERA
Lairton Trovão de Andrade

A primavera das flores,
com borboletas azuis,
inspira tantos amores
e alegra os tristes pauís.
             
*****
 
As flores da primavera
perfumam a natureza
e Deus-Criador dissera:
“Tudo o que fiz é beleza”!
 *****
 
Na primavera da vida,
há flores em plenitude;
a alegria colorida
floresce na juventude.
*****

ACALANTO


ACALANTO
Lairton Trovão de Andrade

"Como as tuas carícias
são deliciosas!" (Ct.4.10)


Minh´alma está triste
Como o triste pombo
Que na mata, ao longe,
Já perdeu seu ninho.
Se soluça o pombo
Seu amor perdido,
A minha´alma implora
Pelo teu carinho.

Doente está minh´alma
Qual ave ferida,
Que o mau caçador
Acertou-lhe o passo.
Infeliz , o pombo
Se apagando vai,
Eu, porém, protejo-me
No teu meigo braço.

Como aquele pombo,
Triste está minh´alma.
Coração ferido
A sangrar de dor.
Mas, serei feliz
Neste dia atroz,
Se em teu seio puro
Repousar eu for.

Ficarei quietinho...
Secarás meu pranto...
A paz voltará
Pra aquecer-me então...
Os teus lábios dóceis
Roçar-me-ão a face
E terei carícias
De uma leve mão.
                                                                           
 Oh,  delícia imensa!
Deixarei o mundo!
Fingirei dormir
No teu seio, ó linda!
E acordado, sim,
Sonharei contigo,
Sem eu crer que possa
Estar vivo ainda.

A TARDE


 A TARDE
Lairton Trovão de Andrade

A tarde vem caindo de mansinho,
Vencendo os raios últimos do Sol;
Esta hora tem cara de saudade,
Com lágrima irrigando o arrebol.

O amanhecer é sempre uma esperança
De realização em potencial;
Mas esta vida incerta sobre a Terra
É sorriso com lágrima de sal.

A tarde chora o dia que passou,
Pois um nada viu nele acontecer...
É sonho nossa vida sobre a Terra,
Nada é tão certo quanto o anoitecer.

A criança que nasce é uma luz,
Que enche de esperança a humanidade;
Mas quanta criancinha abandonada
Pede misericórdia e caridade.

Como é bom ter o amparo da riqueza,
Com pão e chocolate, em meio à glória;
Mas na pobreza extrema - na miséria,
É triste ser criança - é outra história.

Quando a noite chegar com negro véu
Para me conduzir à eternidade,
Encontrarei a luz do Novo Mundo,
Que me haverá de dar felicidade.

A tarde vem caindo de repente
- Mórbida luz desmaia no horizonte...
O passarinho voa para o ninho
e dorme com o buburejar da fonte.

EVA

Óleo sobre tela de Rafael Poeta

EVA
Lairton Trovão de Andrade

Feliz no paraíso estava Adão,
- Jamais se viu ali alguma treva;
Seria o paraíso escuridão,
se não brilhasse nele o olhar de Eva.

O êxodo de Adão do éden santo,
Naquela tarde, ainda malfadada,
Quebrou do éden todo o seu encanto,
Pois eva não mais tinha lá morada.

Não fosse a cuilpa inteira de Adão,
- Aquela sua soberba tão ousada -
Jamais havia perdido seu rincão,
Pois Eva, por ser Eva, era perdoada.

Tão longe do terrestre paraíso,
No mundo de esperança que se eleva,
Deserto ficou o éden, sem sorriso,
Sorriso era o deserto com a Eva.

O pobre do adão não teve juízo
- Guloso, a maçã foi devorar;
Podia, sem ter suor, no paraíso,
Ter tempo só pra a Eva namorar.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

TROVAS [PARA O DIA DE FINADOS]


  TROVAS
[PARA O DIA DE FINADOS]
Lairton Trovão de Andrade

Saudade é feliz tormento
- perfume da ausente flor;
sem cessar um só momento
mistura prazer com dor.
***
Na ideia de eternidade,
relógio há, outrossim,
perante eterna verdade,
registrando hora sem fim.
***
O mesmo sino que bate,
bate por mim e por ti;
mas, o valor do quilate
cada um constrói em si.
***
Expulso do paraíso,
Adão com a triste sorte,
sem ter, nos lábios, sorriso,
sofreu, por sentença, a morte.
***
Feliz de quem, nesta vida,
só virtudes praticar;
há de ter força renhida,
quando o inverno lhe tocar.
***
No campo da eternidade,
os tempos não passarão:
Só há imortalidade
aos vivos que lá irão.
***
Eu busco seguro porto
onde posso me ancorar;
eu tenho ali meu conforto
na santa Estrela do Mar.
***

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

DANCEMOS


DANCEMOS
Lairton Trovão de Andrade

Lembra o concerto em seresta,
luzente  noite estrelada,
garboso é o salão em festa,
– rompe o baile a madrugada.

Os pares dançam felizes,
a música é cadenciada,
as luzes criam matizes,
– como é linda esta balada!

Os galos cantam lá fora,
à dança nos acheguemos,
antes do surgir da aurora,
Mais uma vez: Vem! Dancemos!..

Vê que bolero gostoso,
que inflama nossas lembranças!
Com seu ritmo majestoso,
o bolero é o rei das danças.

O amor embala a emoção,
agora, um nobre valsar!
Os passos são de paixão...
– Contigo é bom rodopiar!

Todo passado deixemos,
a dança quer nos brindar,
Sorria feliz - flutuemos!
Vamos sem fim nos amar!..

O DOM DA ESCOLHA


 O  DOM DA ESCOLHA
Lairton Trovão  de Andrade
 
Como que num espelho,
A inteligência contempla
Os pendores do livre-arbítrio,
Dom da liberdade humana,
Que se manifesta como sendo
Frente e verso, direito e avesso,
– Dom da escolha –
Terrível faca de dois gumes...

Oh, Liberdade,
Que circunstancialmente, lembra:
A mão que afaga, sendo a mesma que bate,
A língua que reza, sendo a mesma  que ofende,
A voz que aplaude,  a mesma que apupa,
Os lábios que beijam, os mesmos que manifestam ódio...

Oh, Poder de Escolha!
Oh, Liberdade,
Que nos leva à direita ou à esquerda,
Que nos faz avançar ou regredir,
Que nos faz felizes ou infelizes.

Por esse Poder divino,
Tão  humano nos homens e mulheres,
Chegaremos ao amor ou desamor,
À conquista ou à derrota,
Ao bem ou ao mal,
À vida ou à morte..

Deus nos criara livres,
Mas essa liberdade nos custa caro,
Pois somos cúmplices dos nossos atos:
Se fizermos o bem, seremos recompensados,
Se fizermos o mal, sem dúvida, punidos.

Punidos pelo remorso da consciência,
Ou pelo prejuízo da inimizade,
Ou pelo desprezo dos semelhantes,
Ou pela inclemência da doença,
Ou pela rejeição da natureza,
Ou pela lei dos homens,
Ou pela Justiça Divina.

Os caminhos são dois,
O da esquerda e o da direita.
Seremos, porém, felizes
Se tomarmos o Caminho Perfeito.
E, na estação final,
Aclamaremos, com certeza, assim:
“Bendito seja, ó divino,
Mas tão humano,
Dom da Escolha”!

MENINO POBRE


MENINO POBRE
Lairton Trovão de Andrade

O que vê o menino pobre,
Ao contemplar seu brinquedo
– Um carrinho, antes nobre –
De algum dia de folguedo?

É carrinho de criança,
Agora sujo, sem roda,
Que deixou toda esperança
De, sorrindo, andar na moda.

Olhando para o carrinho,
O bom menino nem chora.
É feliz pelo carinho
Da pobre mãe que o adora.

Humilde é sua casinha,
O ambiente é familiar.
Sempre a alegria avizinha
Do calor de um doce lar.

Em sua infância nem vê
Que há tantos sonhos quebrados!
Dizem jornais que se lê:
Quantos sorrisos roubados!

Por esta infância tão dura,
Que será do seu porvir?
Hoje, com sua alma pura,
A pobreza o vê sorrir.

Como será seu futuro
Neste país de apreensão?
Vê-se aqui tanto perjuro,
Tanta injúria e corrupção.

Sem tanta oportunidade
De algum emprego decente,
Esvai-se a felicidade
Numa terra inconseqüente.

A Pátria é cheia de dor,
E dor sem nenhum mistério...
Neste mundo há enganador
Até lá no Ministério!

Mas n´alma desta criança,
Mesmo que a pobreza a sagre,
Há chance, há muita esperança,
Ainda que por milagre!

domingo, 14 de outubro de 2012

BEM-VINDA,EDUCAÇÃO


BEM-VINDA , EDUCAÇÃO
Lairton Trovão de Andrade

Bem-vinda sempre, Educação,
Vens alegrar toda criança!
Que seja santa esta missão,
Que tragas fé com esperança!

Bem-vinda sempre, Educação,
Entra suave em tenra alma!
Vens habitar o coração
Da criancinha – meiga palma!

Bem-vinda sempre, Educação,
Que tão feliz te sentirás!
Co´a luz acesa da razão,
A ignorância expulsarás!

Bem-vinda sempre, Educação,
Vens alegrar muito a criança!
Que seja santa esta missão,
Que tragas fé com esperança!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

HINO DA PADROEIRA DE PINHALÃO


HINO DA PADROEIRA DE PINHALÃO
Lairton Trovão de Andrade

I
Soberana divina dos céus,
Linda rosa de encanto eternal,
O perfume da graça trazeis,
Pra solver os odores do mal.

ESTRIBILHO

Pinhalão protegei, ó Padroeira,
Que este mundo a Jesus seja fiel;
Transformai esta terra querida
Em feliz antessala do céu!

II
E surgistes nas águas do rio,
Mas viveis na mansão celestial;
Água viva, que alveja, sois vós,
Pra nos dar coração virginal.

ESTRIBILHO
Pinhalão protegei, ó Padroeira...

III
Ó Maria, coragem dos justos,
À  nossa alma trazei fortaleza!
Conduzi-nos às plagas dos céus,
Pois em nós há imensa fraqueza!

ESTRIBILHO
Pinhalão protegei, ó Padroeira...

IV
Pinhalão sempre quer vos amar,
Doce Mãe, Senhora Aparecida,
Dai-nos sempre Jesus feito pão,
Luz do mundo, por vós, concebida.

ESTREBILHO
Pinhalão protegei, ó Padroeira...

domingo, 30 de setembro de 2012

SONHO DOS MEUS SONHOS


SONHO DOS MEUS SONHOS
Lairton Trovão de Andrade


Sonhara eu que a política
bem conduzisse os humanos,
que morta estava a sofística
sem os modernos tiranos.

Um Brasil de educação,
com povo politizado,
sem nenhuma corrupção,
– eis um sonho bem sonhado!

Viver em paz nesta terra,
sem nenhum lance tristonho,
ver o fim de toda guerra
é a esperança do meu sonho.

A família colorida,
serena, em feliz união,
num pleno jardim de vida,
conquistando a perfeição.

As crianças com escola,
os adultos com trabalho,
a fartura na sacola
e o frio com agasalho.

Cidadãos com próprias pernas,
sem nenhuma bolsa-escola!
Fora as misérias eternas
da humilhação de uma esmola!

Saber que não há mais fome,
ter bons governos de zelos,
pessoas honrando o nome,
vencendo seus pesadelos.

Sem haver atrocidade,
com dias todos risonhos,
em doce felicidade,
– eis o sonho dos meus sonhos!

A CHUVA


A CHUVA
Lairton Trovão de Andrade
 
 
Da terra seca
Desfalecida,
Sedenta e pobre
De vegetais,
Nasce o sorriso,
A fonte é nobre
A vida canta
Nos mananciais.

A chuva fina
Do céu caindo,
Tão mansamente,
Regando a terra,
Faz germinar
Muitas sementes
Que o solo fértil
No seio encerra.

Emigram pássaros,
Deslizam gansos
Lá na lagoa
Que se transborda.
A chuva é graça,
A terra é boa,
Volta a fartura,
É o "sursum corda".

Oh! quem me dera
Que a chuva fina,
Em noite escura,
O dom me desse
De ter minh'alma
- Bem leve e pura -
Acariciada
Por uma prece.

sábado, 29 de setembro de 2012

MEU AMOR



MEU AMOR
Lairton Trovão de Andrade

“O amor é a fortaleza que
Levanta sobre mim”
        (Ct.2.4)

Amo-te muito e jamais sonhei
Que assim pudesse o amor te amar;
O amor que sinto expressar não sei,
Mas sei que o amor é maior que o mar.

Amo-te como ninguém na vida,
Quero-te tanto, bem mais que ao mundo;
Esta semente, n´alma nascida,
Cresceu, cresceu – é o amor profundo.

O amor é imenso e arde em minh´alma,
Mas é, contudo, meu lenitivo;
És o que tenho – minha doce palma –
E isso é o tudo pelo que vivo.

A vida é bela te amando assim,
Na luz do dia, sonho feliz;
Quem dera ter-te bem junto a mim,
Daquele jeito que eu sempre quis.

Em cada hora deste meu tempo,
Nestes minutos do meu viver,
Eu peço às nuvens, imploro ao vento:
Daqui me levem, lá está meu ser!

Amo-te muito e jamais sonhei
Que assim pudesse o amor te amar;
O amor que sinto expressar não sei,
Mas sei que o amor é maior que o mar.

PRIMAVERA

PRIMAVERA
Lairton Trovão de Andrade
 
Garbosa a primavera vem florida
Desabrochar, ligeira e colorida,
Pétalas de emoções.
Os pássaros gorjeiam bem felizes
Por entre tanto brilho e matizes
De flores aos milhões.   

Borboletas vermelhas e azuis
Tornam belos jardins muitos pauis
 – Pinturas de aquarelas.
Soberbo pé de ipê aqui da terra
Co´a natureza enfeita aquela serra
De flores amarelas.

Já vão se abrindo mil flores silvestres
Pra colorir, assim, vidas campestres
Com mais rara beleza.
Semeadores do solo estão sorrindo,
Debaixo deste céu de azul infindo
- Qual manto de princesa.

Nasceu a primavera em setembro
Para reinar com pompa até dezembro
– Agonia do ano.
As flores simbolizam a ternura,
Além de prenunciar grande fartura
Da estação de outono.

A rústica e alegre quaresmeira
Florescerá pujante, por inteira,
No calor do verão.
Homenagem do mês de fevereiro
Aos nascidos no signo derradeiro
– Com flores que virão.

Primavera feliz e esperançosa,
Que voltará pro ano bem viçosa
Num perene folgar.
Como o passar ligeiro da fumaça,
Para  nós, o ano é vida que passa
Pra nunca mais voltar.
 
Oh, que Deus nos ajude! – eu bem quisera!
Quando, no ano que vem, a primavera
De novo florescer.
Quero ver você, como vejo agora,
Com vida de esperança, em nova aurora,
Num feliz renascer.

domingo, 23 de setembro de 2012

CAMINHO DA SOLIDÃO


CAMINHO DA SOLIDÃO
Lairton Trovão de Andrade

Meu amigo,
Seja sincero consigo mesmo,
Torne-se um poema deslumbrante
E tenha razões para gostar de si mesmo.

Para a educação dos seus ouvidos
E  entretenimento da sua alma,
Saboreie  a boa música.

Pela bondade do seu coração,
Para que tenha caridade e paz na vida,
Viva  sempre Deus com religião.

Enriqueça  seu interior pela ciência, cultura e arte,
Para que seja de si mesmo excelente companhia
E jamais conheça o CAMINHO DA SOLIDÃO.

O CRIME DO SABIÁ


               O CRIME DO SABIÁ           
Lairton Trovão de Andrade
 
 
Por ter romântica voz,
O canoro sabiá
Sentiu seu destino preso
Numa gaiola, a penar...
Os humanos sem piedade
Tiraram-lhe a liberdade,
"Por seu crime de cantar"...

domingo, 16 de setembro de 2012

TEU CHEIRO


 TEU CHEIRO
Lairton Trovão de Andrade

Teu cheiro!
Ai, quem poderia descrever
O cheiro que teu ser exala?!
Não tem cheiro de rosa,
Não tem de carmim,
Não tem de violeta,
Não tem de jasmim.

Esse teu cheiro, ah!
Que delicioso ele é!
Não tem cheiro de flor,
Mas pleno de paz
E de leve candura,
O teu cheiro é de amor...
Somente de amor.

CORRUPÇÃO


 CORRUPÇÃO
Lairton Trovão de Andrade

Em nossa terra querida,
os justos ostentam ira
contra o sucesso na vida
da corrupção e a mentira.

Será que a calamidade
irá, ao bem, sobrepor?
Tornou-se o crime bondade
noutra escala de valor?

Este é o tempo dos contrastes,
vivemos no mundo cão.
Fazem os bandidos mais trastes
da nossa casa, prisão.

Corruptos estão no eito:
Do Congresso Nacional
à viela sem preceito
apoteose do mal!

Há criminosos sorrindo
na terra da impunidade.
Fica-se, então, assistindo
o avanço da crueldade.

Quanta gente sem preceito!
Políticos da Nação,
parecem, só tomam jeito
nas vésperas de eleição.

A quem iremos gritar,
suplicando proteção?
Só Deus para nos salvar
de tanta angústia e aflição!

Em meio a tanta sujeira,
feito pau de galinheiro,
eu sonho em ver a bandeira
do bom senso justiceiro...

Que Deus me dê a ventura
de ver ainda este mundo,
tendo a justiça e a cultura,
lavando este gueto imundo.

BRILHO DA QUIMERA


 BRILHO DA QUIMERA
Lairton Trovão de Andrade

Você partiu em busca d´outro reino,
Felicidade vã lhe estava à espera;
Abandonou o futuro certo à morte
E abraçou forte o brilho da quimera.

Partiu, com obsessão, para a conquista,
Como outrora os altivos bandeirantes;
Mas nenhum ouro quis seu coração,
Quis só paixão que valha diamantes.

Esmeraldas! – Sonhava Fernão Dias...
Borba Gato, o ouro! – o ouro das Gerais...
Dias Moréia, as minas de prata...
Mas sina ingrata deu-lhes tristes ais.

Borba Gato escondeu-se da Justiça...
Fernão morreu só co´a ilusão que fica...
Dias Moréia ainda se viu pobre,
Sem prata ou cobre – sua mina era mica.

Tais são as cores deste mundo fútil,
Assim é o coração tão venturoso;
Não avalia o bem em céu aberto
E deixa o certo pelo duvidoso.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

SOU BRASILEIRO


 SOU BRASILEIRO
Lairton Trovão de Andrade
 

Se brasileiro eu não fosse,
Daria este mundo inteiro,
Mundo tão rico e tão doce,
Só para ser brasileiro.

Por este solo tão rico,

Pelo verde da floresta,
Atônito ainda fico,
Com meu patriotismo em festa.

Por este Brasil querido,

Gigante continental,
O sangue corre aguerrido
Neste meu ser tropical.

Bem conheço, tenho ciência,

Do mundo da corrupção;
Mas, em muitos há consciência
De mudar este torrão.

Mais que os milhões de corruptos

Que denigrem nosso chão,
Milhões de heróis, interruptos,
Fazem bem grande a Nação.

Eu tenho plena certeza,

Meu pensamento é fecundo:
Meu País tem mais riqueza,
Em breve, Primeiro Mundo!

Somos povo de paixão,

De humor, esperança e glória;
Gente aqui tem ambição
De ir à luta, à vitória!

Se brasileiro eu não fosse,

Daria este mundo inteiro,
Mundo tão rico e tão doce,
Só para ser brasileiro.

HOMEM TAMBÉM CHORA


 HOMEM TAMBÉM CHORA
Lairton Trovão de Andrade

Dizem que homem não chora.
Como não!
Isso é lenda do passado,
Era dos machões,
Daqueles que se envergonhavam de ser homens
E faziam apologia à brutalidade dos animais.
Pousavam de insensíveis
Alheios à dor,
Ao perfume da flor,
Ao suspiro do amor,
Aos carinhos da mulher.

Foram grandes imbecis
marcadores de época.

Mas homem, que é homem, chora...
Chora, ao nascer,
Chora, quando perde sua mãe,
Chora , quando abandonado pela pessoa amada,
Chora por uma humilhação,
Chora por um título recebido,
Chora por pequenas conquistas.

Homem, que é homem, também chora.

SE...

S E ...
Lairton Trovão de Andrade

“Põe-me como um selo sobre o
teu coração,  porque o amor é
forte como a morte.” (Ct.8.6)


Se fossem apagados meus olhos,
Se a língua não mais eu movesse,
Se a voz que acalenta morresse,
Sem versos pra te comover...
Se o meu coração não pulsasse,
Se a vida a existência deixasse,
Seria tristeza em teu ser.

Se não me fluíssem as letras,
Se o cérebro aceso apagasse,
Não mais a emoção me tocasse,
Sem lábios de amor pra aquecer-te,
Sem nada de odor pra sonhar,
Sem mãos para mãos encontrar,
Então... como, ainda, querer-te?!

Se ouvidos não mais te ouvissem,
Se o ser que há em mim terminasse,
Se o néctar não mais eu tomasse,
Se nada, mais nada, a rimar,
Se ausente me fosse o carinho
– Passado saudoso em meu ninho,
Com que poderia te amar?

Se a Lua eu não mais contemplasse,
Se a lira calasse pra mim,
Se a noite me fosse sem fim,
Se tudo esvaísse em meu ser,
Minh’aura, sozinha, apagada,
Saudade esmagando meu nada,
Seria só dor teu viver.

Ainda que assim ocorresse,
Teria a memória em teu nome;
E o tempo que o tempo consome,
Iria seu ciclo encerrar;
Na vida do além-infinito
Teu ser ser-me-ia bendito,
Pra sempre eu iria te amar.

Ainda que tudo passasse
E o corpo pro nada partindo,
Minh’alma só luz refletindo
– Reflexo de um novo luar;
Seria esplendor de visão
– Eterna, infinita paixão:
Tu’alma poder contemplar.

Ainda que eu fosse só cinza,
Teria uma flor neste mundo
– Semente de amor tão profundo,
Espírito oculto a me amar;
Além, muito além, com fulgor,
Há forma, há pureza, há amor:
Tu’alma eu iria abraçar.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

PÁTRIA DESPEDAÇADA


 PÁTRIA DESPEDAÇADA
Lairton Trovãode Andrade

Não ouço o rufar dos tambores, Brasil!
Já não brilha mais o “Sete de Setembro”!
Crianças não marcham sob o céu de anil,
Só restam saudades daquele bom tempo.

Adeus bandeirinhas, adeus bandeirolas!
Calaram-se os bumbos, calou-se o mancebo;
Não há mais repiques – morreram escolas!
Adeus, alegria – adeus pau-de-sebo!

Nenhuma palavra de sério civismo,
– Não se considera a Terra, onde nascemos –
Tudo é muito triste – faliu o patriotismo!
E, por esta Pátria, não mais morreremos.

Pelo que não se ama, jamais alguém morre,
A falta de amor traz a destruição,
A Pátria agoniza e ninguém a socorre,
Grande onda, agora, é mesmo a corrupção.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

TEUS OLHOS


 TEUS OLHOS
Lairton Trovão de Andrade

"Os teus olhos são
como os das pombas." (Ct.1.15)

Que doce expressão!
Olhar sem malícia,
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.

Teus olhos são lindos,
Têm puro fulgor,
São cheios de vida,
Traduzem amor.

O amor dos teus olhos,
Tão meigo e tão puro,
É o sonho dos sonhos,
Meu porto seguro.

Se rola uma lágrima,
eu sinto tua dor;
Recolho-a na alma
Por causa do amor.

Se tenho eu angústia,
Se sofro de tédio,
Procuro teus olhos,
Pra ter meu remédio.

Que doce expressão!
Olhar sem malícia,
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.

Mas quanto sofreram
Teus olhos, querida,
E quantas injúrias
Já viram na vida!

Já foram bem tristes
Sem vida e calor.
Agora estão vivos
- Milagre do amor.

Que cor têm teus olhos?
São claros, escuros?
- A cor é segredo,
Segredo, eu juro!

Embora distante,
Em meio ao pavor,
Eu penso em teus olhos
E vivo de amor.

Que doce expressão!
Olhar sem malícia!
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.

GLOSANDO FERNANDO PESSOA



GLOSANDO FERNANDO PESSOA
Lairton Trovão de Andrade

MOTE

Se eu te pudesse dizer
o que nunca te direi,
tu terias que entender
aquilo que nem eu sei.

Se eu te pudesse dizer
o que passa em minha mente,

sorrir faria teu ser
por me ver assim contente.


Palavra pra te magoar,

O que nunca te direi,
- só prazer ao teu olhar
é o que sempre te darei.


Não haverá padecer
nem quando surgir a dor;

tu terias que entender
que o bom remédio é o amor.

Se fores embora um dia,
um ser sem forma eu serei...
Serei com acefalia

aquilo que nem eu sei.

A SECA


 A SECA
Lairton Trovão de Andrade
 
 
O sol ardente
Castiga a terra
E amargura
O agricultor;
A planta murcha,
Tudo é secura,
Morreu o córrego,
Não há mais flor.

Há quanto tempo
Não há mais nuvens?!
A minha estrada
Tornou-se pó;
Só mesmo a lágrima
Rega calada
Esta pobreza
- Miséria só.

Não coaxa a rã
Nem pula o sapo
Sob a taboa
Já ressecada;
Partiu a terra
- Pobre lagoa!
Não há peixinhos,
Não há mais nada.

O boi malhado
Não muge à tarde,
Tange o sincerro
Da Maravilha...
Há vida morta
Da várzea ao cerro,
Soluça a pomba
Lá na coxilha.

sábado, 25 de agosto de 2012

JURAS À SAUDADE


 JURAS À SAUDADE
Lairton Trovão de Andrade

Se me visse em solidão,
Sem, do futuro, visão,
De todo amigo, esquecido,
Ausente de um puro amor,
Sozinho, curtindo a dor,
Sentir-me-ia  perdido.

Neste mundo, abandonado,
Das minhas vozes, calado,
Numa tristeza sem fim,
Queria ter esperança,
Talvez, sonho de criança,
A nascer  dentro de mim.

Na fria penumbra, o ermo
Seria ponto de um termo
De um coração tão sofrido;
O fim da calamidade
Somente  a doce saudade,
De quem seria eu querido.

Sem medo, meiga rainha,
Carinho desta alma minha,
Juras de fidelidade,
Teria uma companheira,
Que me fosse toda inteira,
Que tem nome de SAUDADE.

LUAR NA MATA


 LUAR NA MATA
Lairton Trovão de Andrade

Luar na mata florida
Faz lembrar o ermo em festa,
Onde a saudade perdida
Abre a garganta em seresta.


Abre a garganta em seresta,
Com sentimento e emoção,
E brilha em toda a floresta
Saudade, amor e paixão.

Saudade, amor e paixão
Misturam-se com luar;
Inerte fica a razão,
Entre  sonhos a flutuar.

Entre sonhos a flutuar,
Neste luar de magia,
Que bom alguém para amar
Até ao raiar do dia.

Até ao raiar do dia,
O luar na mata atesta
Solene brilho e alegria
De dois amores em festa.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A VIDA É PASSAGEIRA


 A VIDA É PASSAGEIRA
Lairton Trovão de Andrade

Como o vento a vida passa,
Cedo cai no esquecimento;
Mas jamais será fumaça
Este amor – meu pensamento.

A vida é tão passageira,
Ah, eu nem posso pensar!
Pois, toda  trilha é ligeira
No mais rápido passar.

Tanto dinheiro, aos milhões,
Sem sinceras amizades,
Geram tantas decepções
Que roubam felicidades.

Vivendo-se na virtude,
Sem  ganância tão voraz,
Mesmo em  vida um tanto rude,
Pode-se ter muita  paz.

O pouco com Deus é muito,
Quando se tem caridade;
Nada, então, será fortuito
Perante franca bondade.

Feliz de quem, nesta vida,
Sabe só bem construir;
Terá triunfo e acolhida
Lá no seu novo porvir.

Tudo passa de verdade,
Menos o bem de uma ação;
Que fique pra eternidade
O Amor, qual luz da razão.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

BUSCO-TE


 BUSCO-TE
Lairton Trovão de Andrade

Busco-te, desde o alvor da aurora,
Na pétala afável da flor,
Nas sutilezas dos poemas,
Nos versos de algum trovador.

Busco-te, com todos meus passos,
Na voz ululante do vento,
No orvalho em gotas sorridentes,
Nos anseios do pensamento.

Busco-te, ó ninfa mais formosa,
Nas ondas místicas do incenso,
No voo da esperança ditosa,
Que faz de mim um ser imenso.

Busco-te, ó pérola do amor,
E o meu buscar não é em vão,
Triunfante, pois, aqui te encontro,
Dando-me laudas à razão.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

AVE-MARIA


 A V E - M A R I A !
Lairton Trovão de Andrade

Ave-Maria! ressoa o sino
Sonoro hino aos corações;
Da sacra musa vem melodia,
Na serrania, enternece os peões.

Ave-Maria! celebra o frade,
Com piedade e devoto amor;
A santa paz, que lhe sai da alma,
O mundo acalma do seu temor.

Ave-Maria! medita o monge,
Na gruta ao longe - bravo sertão;
Cansados dedos têm o rosário,
Que é seu breviário de oração.

Ave-Maria! a mãe soluça,
Quando debruça sobre o jazigo;
Mas sem angústia, chora sua sorte,
Que a fria morte levou consigo.

Ave-Maria! confessa o doente,
Que penitente no leito geme;
Tem esperança de não ser réu,
Diante do céu que este mundo teme.

Ave-Maria! diz a criança,
- Suave aliança de Deus e o mundo -
Que alma ingênua de graça pura!
- Doce candura de amor profundo.

Ave-Maria! o poeta escreve
Discurso breve de oração;
E tantas almas, que estão aflitas,
Rezam contritas com devoção.

Ave-Maria! - bênção da terra -
A prece encerra do sino a voz:
Nobre esperança - festiva hora -
Santa Senhora, rogai por nós!

sábado, 11 de agosto de 2012

MEU PAI


 MEU PAI
Lairton Trovão de Andrade

Quem era a figura grave
Que, do nascer ao pôr do sol,
Inspirava segurança e paz em nosso lar?

Era ele
A imagem viva do Criador,
Pois, feito um deus ,
Também foi criador,
Que protegera ,
Noite e dia,
A mim, aos meus irmãos,
À minha mãe
Das intempéries da vida
Que, às vezes, dificultavam
Nossos passos.

Ele fora a seriedade,
A coragem,
A certeza,
A ponderação,
O raciocínio,
O indicador do Horizonte,
A garantia do nosso futuro
 – Um  homem de verdade,
Que exibia
A mais elevada personalidade,
Reconhecida
Num ser de humanidade.

Essa ,
Digo de mim
Para mim mesmo,
É a figura que reverencio
Por todo o sempre,
Cheio de respeito e saudade,
De afeto e gratidão,
Por ter sido
MEU PAI.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

RAINHA DO ABISMO


 RAINHA DO ABISMO
Lairton Trovão de Andrade

“Eis que meu amado vem aí,
Saltando sobre os montes,
Pulando sobre as colinas”
(Cântico dos Cânticos)

* * *

Solitária orquídea do rochedo altivo,
Que o penhasco alegras com teu magnetismo,
Tens a pedra tosca, por trono cativo,
Onde vives presa, rainha do abismo.

Muito maravilhas o penhasco feio,
Do surgir da aurora até ao entardecer;
Mas teu coração está de angústia cheio
Por não ter aquele que desejas ter.

Que vale o sorrir da brisa em teu semblante,
Que se faz presente pra te acariciar?
Sem meigos carinhos deste amor distante,
Tudo, tudo vem pra te fazer penar.

O que mais fazer para te libertar?
Escalar montanha, além do abismo o horror?
Arriscarei tudo – quero te buscar!
Dar-te-ei uma vida repleta de amor.

Arriscarei tudo – vencerei o dragão!
Galgarei a escarpa – direção do norte;
Lutarei co´o vento – vencerei o tufão...
Vou salvar o amor – libertar-te-ei da morte!

SER FELIZ


 SER FELIZ
Lairton Trovão de Andrade

Plantando a semente do amor,
Com alma de plena justiça,
Vencendo os espinhos da dor,
Sonhei alcançar paz castiça.

Venci a existência sofrida,
Caráter bem forte eu bem quis,
Para que eu tivesse na vida
Mil razões de ser bem feliz.

domingo, 5 de agosto de 2012

SINEAR


SINEAR
Lairton Trovão de Andrade

"Vou-me embora pra Pasárgada
lá sou amigo do rei". (M. Bandeira)

Ao Sinear eu voltarei
Somente pra ser feliz;
Terei formosa rainha
E um belo trono de rei.

Lá no longínquo Sinear,
Serei eu dono do mundo;
Com mais doce dos amores,
Minha lira irei tocar.

Quero te ver no Sinear,
Hás de ser lá mais feliz:
Com juras tantas por mim,
Sempre irei te namorar.

A Babilônia me espera
 - Sou Nabucodonosor;
Verei a deusa Sumer
Em perene primavera.

Lá no reino do Sinear,
Eu fiz meu jardim suspenso;
Feito de nuvens do céu
É o meu castelo no ar.

Ao Sinear eu voltarei,
Para me esquecer de tudo;
Vou sonhar com a bela Isthar
E jamais me acordarei...